Mariana Andrade é nutricionista (Universidade Federal da Bahia), pós graduada em Nutrição Funcional (VP Consultoria), gastróloga (UNIFACS), Coach em Nutrição (Nutrition Coaching) e Personal Diet (NTR Cursos) além de professora e palestrante. Atua em consultório, com atendimentos baseados em comportamento alimentar, nutrição funcional e gastronomia. É alguém verdadeiramente apaixonada pela nutrição e pelo poder que a alimentação tem em transformar vidas! A sua missão como nutricionista é fazer com que as pessoas aprendam, na prática, que alimentação saudável não é sinônimo de sofrimento e que se alimentar bem sem neurose é algo perfeitamente possível. Idealizadora do Programa Prato livre, um programa que visa a promoção de uma alimentação livre, responsável e consciente, sem abrir mão do prazer em se alimentar.
Você tem fome de quê?
Você já parou para pensar no que te faz comer? A resposta mais adequada seria “Ter fome”. Mas… Que tipo de fome? Existe uma só?
Temos a fome “real” ou a “fome fisiológica” que deveria nos nortear, mas, o que acontece é que, muitas vezes, qualquer motivo é um motivo para fazer com que a gente comece a comer… Comemos porque estamos com desejo de algo, porque “está na hora”, comer porque estão todos comendo, porque tem comida disponível, porque está triste/entendiado(a)/ansioso(a)/nervoso(o)… Já reparou?
Fome fisiológica: deve ser o motivo principal para iniciar uma refeição. É aquela fome que seu corpo usa como aviso para te dizer que realmente você precisa se alimentar. A fome fisiológica a gente consegue sentir fisicamente, com a sensação de estômago vazio, ou “barriga rocando”, por exemplo. Algumas pessoas podem ter outros sintomas como dor de cabeça leve, enjoo ou tontura. Não é necessário chegar a um nível de fome a ponto de começar a se sentir mal, mas é importante que os sinais reais de fome possam ser reconhecidos. A fome fisiológica vai aparecendo aos poucos e não de repente. E outro ponto importante: a fome real não é seletiva. Você está com fome, mas… Se não é “qualquer coisa” (algo que você goste minimamente) que você quer comer, provavelmente não é fome de verdade. É vontade de comer.
Fome específica: Sabe aquela vontade que surge de comer uma coisa exata? Você quer bolo de chocolate, por exemplo. Se alguém te oferece qualquer outra coisa você não quer. Tem que ser aquele bolo, daquele lugar, com aquelas características… Quanto mais critérios, mais longe de ser fome de verdade. Isso não é fome. É vontade. Quando se tem fome mesmo, não temos tantos critérios assim (o que pode ser um problema para algumas pessoas, então o ideal é estar sempre preparados para as emergências e não ter que comer qualquer porcaria, né?). Ou seja, se você está com fome, até as comidas que você nem gosta tanto assim passam a ser uma opção.
Fome social: é o que te faz comer nos mais variados eventos onde o motivo pra comer é simplesmente ver todo mundo comendo ou ter comida disponível (festas, aniversários, etc). Ou simplesmente comer porque foi estabelecido o horário para isso. Comer é uma forma sim de socializar, mas, mais uma vez a consciência é importante pra evitar os excessos.
Fome emocional: Para essa fome não pode ser qualquer coisa. Tem que ser algo BEM gostoso. Geralmente não dá para ser um pedacinho só. Tem que ser em maiores quantidades e tem que ser logo! Essa urgência e a especificidade já sinalizam que há algo errado na história. Sabe aquela coisa de “precisar” de um doce? Muitas vezes essas vontades vem da ideia de tentar amenizar qualquer alguma emoção com comida. Essa situação (principalmente repetida com freqüência) não traz bons resultados. Não é raro que depois de matar aquela vontade, daquele prazer momentâneo, venha o sentimento de culpa e de arrependimento, né? Cuidado com o fato de usar a comida para “tapar buracos emocionais”. Fome é o problema? Não? Então, comer nunca será a solução.
Sentimos vários tipos de fome. Reconhecer os diferentes tipos, entender que sempre existirão e ter consciência disso são etapas importantes para ter uma boa alimentação sem deixar de ter uma boa relação com a comida. Saber como nos comportamos em relação à alimentação é importante para fazer escolhas mais conscientes e assim ter uma alimentação mais próxima do equilíbrio. Estratégias nutricionais e comportamentais podem ser usadas para lidar com todos os tipos de fome.
Um grande abraço,
Mariana Andrade
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